Balanço

Nesta parte, a ideia é que seja uma síntese que indique uma concepção do desenvolvimento humano, contemplando o que foi estudado no componente, além de um 'balanço' sobre o que aprendi durante este semestre em psicologia do desenvolvimento da criança.
Aqui, talvez valha a pena salientar que as denominações criança e infância não são sinônimos. À criança, é considerado o filho do homem, portanto, existente desde sempre, sendo que todos os seres humanos passam por essa fase no início de suas vidas. Infância, em contrapartida, é um construto social sobre determinada fase da vida. Como construção social, a ideia de infância não existe desde sempre e nem todas as pessoas irão passar por isto ou da mesma maneira. Esta categoria, começou a aparecer desde os séculos XVII e XVIII, com o surgimento de uma preocupação maior de inserção social das crianças e em virtude das novas condições de vida. (SARMENTO & PINTO, 1997).
Para que possamos compreender o desenvolvimento da criança, é necessário compreender um pouco acerca da psicologia evolutiva. O objeto de estudo desta disciplina corresponde as mudanças ao longo da vida do indivíduo, sendo que estas são de caráter normativo e seminormativo. (PALÁCIOS, 2004). Para explicar o desenvolvimento humano, é preciso atravessar por várias abordagens do desenvolvimento que serão apresentadas a seguir, baseado no primeiro capítulo do livro Desenvolvimento psicológico e educação de Palácios e Marchesi.
A primeira perspectiva são os modelos organicistas, que consideram o desenvolvimento humano como uma sucessão de etapas com mudanças que podem ser previstas nelas, terminando no final da adolescência. Seus dois principais percussores foram Piaget e Freud. Tanto um quanto o outro, elaboraram teorias nas quais eram presentes estágios que presumem que ao final da adolescência, as mudanças mais importantes evolutivas já tenham chegado ao seu final. Porém, o que sabemos é que as mudanças ocorrem ao longo de toda a vida do indivíduo, e que dentro de cada fase da vida, existem determinadas coisas que irão ocorrer a um indivíduo, mas não ao outro, ou ocorrerá em tempos diferentes e terá repercussões distintas.
Uma outra perspectiva da psicologia evolutiva é a ecológica, que surgiu na década de 70. Nesta, o contexto em que o indivíduo está inserido, passa a ser considerado como esferas relacionadas que influenciam de juntas o desenvolvimento. Aí temos o modelo bioecológico de Bronfebrenner que dividiu o contexto em quatro esferas interpenetradas: o macrossistema, exossistema, microssistema e o mesossistema. Essa perspectiva leva em consideração tanto as coisas relacionadas ao fenótipo e genótipo, quanto os modos como o indivíduo se relaciona com o que há a sua volta, pessoas, o contexto...

Temos ainda a análise sociogenética e histórico-cultural dos processos de desenvolvimento, na qual a preocupação maior está em analisar como é o processo de apropriação do indivíduo da linguagem, dos símbolos e da cultura em que está inserido. Um nome importante a ser citado nesta perspectiva é o de Vigotsky, que defendia a ideia de que o ser humano não pode desenvolver-se de maneira plena sem a interação de outros seres humanos. A interação aqui seria o ponto essencial desta abordagem.
Voltando ao ponto do balanço. O que não sabia era bastante coisas. Até hoje na verdade, não vejo como suficiente. Eu tinha noção sobre problemas da infância. Por curiosidade há algum tempo sobre o universo das crianças, no semestre passado cursei um componente chamado problemas da infância e da adolescência que me fez refletir bastante, foi produtivo. Mas  foram os problemas, apenas. Ver de uma outra perspectiva e falar também sobre a perspectiva adultocêntrica que temos sobre as crianças, ao invisibilizá-las, mostrar como se elas fossem incapazes de tomar decisões por si, são questões importantes a se pensar, e que abrem diversas reflexões a respeito. Uma das coisas que mais me marcaram também, foram as discussões em torno da maternidade, do pré-natal, que mexeram muito com minha estrutura e fascínio de um modo especial, assim como a relação mãe-bebê. Acho que só fez aparecer aumentada uma vontade a mais de trabalhar com crianças, alguma coisa que já existia e cresceu. Porém não é uma certeza, estando no B.I, vou me dando o direito de experimentar e as vezes essa infinidade de opções causam uma confusão imensa na cabeça! Considero que todos os textos contribuíram demais para reflexões, inclusive para minha própria vida, ao analisar minha própria infância e no que o que era de lá, repercute em mim ainda hoje. Este trabalho mesmo, mexeu com muita coisa, que foi tanto para o bem, como para um certo mal-estar, mas necessário. Foi muito mais um alívio em certas horas. Enfim, este trabalho foi de certa forma, um encontro comigo, com meus pais, com o passado que eu não vi, com uma maior compreensão acerca de minha história e de perceber o porque de algumas coisas hoje, algumas estavam lá atras... Fiquei mais fascinada por crianças, é verdade. mas não mais com aquela visão de anteriormente de que crianças são seres puros e inocentes, uns anjos. Não é tão simples assim, e a teoria proporcionou várias explicações para isso.
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REFERÊNCIAS:

SARMENTO, M. J., & PINTO, M. (1997). As crianças e a infância: definindo conceitos, delimitando o campo. In: M. Pinto & M. J. Sarmento (orgs.) As crianças - contextos e identidades. Braga: Editora Bezerra.

PALÁCIOS, J. (2004). Psicologia evolutiva: conceito, enfoques, controvérsias e métodos. In: C. Coll, J. Palácios, & A. Marchesi. (orgs.) Desenvolvimento psicológico e educação, vol 1 (psicologia evolutiva). Porto Alegre: Artes Médicas.

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